O folclore que chegou em Santo Antônio
Aluízio Guedes*
Folclore é a cultura popular, tornada normativa pela tradição e compreendida em si mesma por um valor cultural herdada através de um determinado povo, em um determinado lugar. Compreende técnicas e processos utilitários que se valorizam numa amplitude emocional, além do ângulo do funcionamento racional. Não só apenas conserva, como mantém e torna presente, ao longo dos tempos, todo um passado histórico.
Embora vasta a definição, podemos entender folclore, como um conjunto das tradições, conhecimentos ou crenças, canções e costumes arraigados na realidade de determinado povo.
Certamente algumas regiões não possuem um folclore de personalidade própria, onde cada aspecto histórico é importado, porém adotado e vivenciado por muito tempo.
Tomando o Estado de Rondônia como exemplo, concluímos, após a identificação de alguns valores folclóricos aqui existente, uma quase total adoção dos mesmos. Em suas caracterizações. É notória a distinção de origem desses elementos. Assim é que tem base a afirmação de que realmente existe, no tocante ao folclore, é adotado de outros Estados.
Apesar desse fenômeno da adoção, nossas raízes precisam ser cultivadas e preservadas. Para tanto mister se faz identificá-las melhor, caracterizá-las evitando, assim, seu desaparecimento, como já está acontecendo.
A resultante que se tem chegado em nível de Brasil e por certo Rondônia, não foge as regras. Os agentes da produção dos elementos folclóricos como Boi-Bumbá, Quadrilha e outros, advém de uma camada social muito simples. Em razão disso é associado ainda ao crescente fenômeno de desemprego nos dias atuais, onde mais difícil se torna aos produtores culturais os utensílios ou indumentárias que fazem parte do conjunto de determinado elemento folclórico, é que se justifica o esfriamento o conseqüente desaparecimento de muitos grupos.
Digo mais ainda: ignorar o folclore do próprio país equivale a desconhecer a própria herança familiar.
Folclore, do inglês folk-lore, significa a cultura do povo. O povo brasileiro é produto, em principio, de três raça: a negra, a branca e a indígena.
Os costumes desses povos eram diversos. De suas mescla, resultou a nossa cultura que é a mais bela do mundo. O brasileiro foi a tal ponto influenciado pelos países estrangeiros, que aceitar nosso folclore passou a ser motivo de mau gosto. Hoje, o Brasil descobre a si próprio. Estamos caminhando para ocupar o merecido lugar entre as principais nações. E aos jovens cabem descobrir o folclore. A eles cabem sentir orgulho em cantar nossas músicas, em soerguer nosso artesanato.
Nosso folclore é à base de nossas tradições. Devemos ter orgulho do que somos; resultado de povos sensíveis e criativos.
Os nordestinos são os responsáveis pela introdução de vários folguedos e danças na região, principalmente, o Boi-Bumbá e a Quadrilha; Cultura trazida por migrantes do Piauí, Maranhão e Ceará. Rondônia, por exemplo, além do Piauí e do Maranhão, sofreu influência dos amazonenses. Eles vinham sucessivamente para cá a fim de trabalhar nos seringais e na Estrada de Ferro Madeira Mamoré.
O primeiro registro do Boi-Bumbá por aqui ,data de 1920, quando alguns rapazes organizaram o primeiro grupo batizado de Sete Estrelas. Isto aconteceu em Santo Antonio, então Vila de Mato Grosso. Tão grande foi o sucesso que no ano seguinte (1921), Porto Velho, Município do Amazonas, criou o seu primeiro grupo, denominado de Prata Fina, e em 1922 nascia o Boi Caprichoso.
De 1923 a 1939 não há registro de surgimento de um novo grupo. No ano de 1940 apareceu o Nova Letra, também em Porto Velho. Da década de 60 e 70, mais precisamente entre 65 e 70, houve quase que um total adormecimento, motivado, principalmente, por brigas entre os bois, que resultaram até mesmo em morte. Neste período, a apresentação restringiu-se somente aos currais sem exibições.
Trazido de outros Estados o folclore aqui adquiriu uma nova fase, assumindo características que, para alguns, até descaracterizava a arte folclórica.
Nos dias atuais, o folclore do boi-bumbá vem provar que está cada vez mais presente na vida de Porto Velho como os melhores tempos (vale ressaltar que também a quadrilha está presente no sangue do portovelhense). Se assim não fosse, não teria nascido o Boi-Bumbá Diamante Negro um dos mais autênticos e organizados grupos folclóricos e o próprio Corre-Campo, quando estava desaparecido a vinte e quatro anos e que desde 1990 alegra a maior festa folclórica deste Estado. Outros grupos somam e fortalecem a importância deste folguedo junto às sociedades portovelhense e guajará-mirense como: As de Ouro, Vencedor, Marronzinho e Flor do Campo e Malhadinho (em Guajará Mirim).
Tradicionalmente, com a chegada dos festejos juninos, as escolas se preparam para realizarem seus arraiais, numa temporada festiva, onde a quadrilha e boi-bumbá são suas principais atrações, quando os visitantes das quermesses, enaltecem com o voto popular como os mais autênticos folclores de nossa terra.
Aqui se incorporou uma versão regionalizada do bumba-meu-boi do Maranhão, mesclado de fábulas amazônicas, danças indígenas e toadas únicas em seu gênero, uma vez que em nenhuma parte do país são utilizados instrumentos andinos para apresentação de suas músicas, fazendo que o boi-bumbá do Amazonas e Rondônia se diferenciem até mesmo dos festejos paraenses, uma vez que é integrante da mesma região, mas em nada se assemelham.
De apresentações isoladas em vilas ribeirinhas, as festas foram se alastrando, englobando rios e lagos, somando cada vez mais participantes (como é o caso de Guajará Mirim), até se transformar em uma festa regional e ganhar não só divulgação no país, mas também no exterior, graças aos modernos meios de comunicação e grupos artísticos atuantes.
Pesquisador da Área e Amo do Boi Diamante Negro
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