sábado, 24 de setembro de 2011

ANOS 60 PORTO VELHO - RONDÔNIA






No início da década de 60, as limitações impostas à vida diária dos habitantes de Porto Velho, e de toda a região, são hoje inimagináveis. Os exemplos a seguir mostram um pouco desse cotidiano, e como era importante para nós, rondonienses, romper o isolamento no qual se vivia:

Telefonia. Não havia um serviço telefônico urbano. As ligações interurbanas usavam ondas de rádio, e a população só dispunha das instalações da Radional, cujas operações eram centralizadas em Manaus, o que tornava o sistema disponível apenas um pequeno período de tempo em Porto Velho. Para o interior do Território as condições eram ainda mais precárias. Só o governo dispunha, para suas necessidades, de um serviço de rádio que era mais inoperante que efetivo.

Transporte de cargas e passageiros:


Fluvial - o único serviço regular era fornecido pelo SNAAPP (Serviço de Navegação da Amazônia e Administração do Porto do Pará), que mantinha uma viagem por mês até Belém, passando por Manaus. Atrasos aconteciam embora os navios utilizados fossem de excelente qualidade. Além desse serviço, apenas as viagens irregulares nas embarcações de madeira típicas da região. Os chamados "motores de linha”.

Ferroviário - eram já precárias as condições de tráfego na deficitária Madeira-Mamoré. A viagem dos comboios tracionados pela velha "Maria fumaça" até Guajará Mirim, nos seus 366 km de extensão, era vencida em 2 (dois) dias com pernoite em hotel da Ferrovia na localidade de Abunã, a 220km de Porto Velho.

Aéreo - havia apenas uma viagem semanal para Belém, com parada em Manaus, nos velhos Catalina de tão grandes serviços prestados na Amazônia. Duas viagens semanais ao Rio de Janeiro, usando aviões DC-3, pela rota do Mato Grosso, com pernoite em Cuiabá. Portanto, dois dias de viagem. Adicionalmente, uma viagem do Correio Aéreo Nacional (Viva o CAN!), também na rota do Mato Grosso, indo até o Acre.

Rodoviário - era inexistente. Estradas apenas carroçáveis, fechadas pelas chuvas grandes parte do tempo, aventuravam-se por poucos quilômetros, sem grande significado.
Como uma das conseqüências dessa realidade, as distâncias entre localidades não se media em quilômetros, mas em duração de tempo: tantas horas, ou tantos dias para chegar ao destino, pelos infindáveis meandros dos rios da Amazônia. Era uma medida mais adequada às condições.

Energia elétrica. Era disponível apenas umas poucas horas durante o dia e, à noite, desligada impreterivelmente às 22h. Foi a época do reinado das geladeiras à querosene, das lamparinas e dos lampiões à gás. De voltar do cinema para casa correndo, tentando não ser apanhado pela escuridão ainda nas ruas. Mas sem medos, que a vida era tranqüila e não violenta.

Hotéis. Desprovida de rede hoteleira, os poucos viajantes hospedavam-se em casas de amigos ou em hospedarias de qualidade duvidosa. Apenas o Porto Velho Hotel, de propriedade estatal, operado por concessionários, e um dos pontos de encontros preferidos, merecia essa denominação.

Alimentação. Basicamente constituída de peixes, abundantes à época, enlatados, farinha de mandioca e frutos. As frutas locais tinham grande importância na dieta da população. Frequentemente, quando atrasavam os navios de transporte desde Belém e Manaus, desapareciam diversos produtos essenciais. A carne bovina vinha da vizinha Bolívia, mesmo quando doenças no seu rebanho fizeram o governo federal proibir importações de carne do país vizinho.

CONSTRUINDO A NOSSA HISTÓRIA

Porto Velho ainda era um pequeno patrimônio do povo amazonense, quando se juntando as famílias de ferroviários, o nordestino cheio de esperança e determinação construía um grande legado, não só para as gerações futuras desse novo Estado da União, mas para o Brasil e para o mundo. Aqui construiu a ferrovia, a cultura e as tradições da terra, o ponto mais alto dos seus sonhos.
Todos com muita firmeza, o obstáculo resistia até mesmo aos ataques de índios, que a obra não queria e que muitas das vezes, segundo relatos de época, com a corrente elétrica nos trilhos, ficou quieta e deixaram à obra prosseguir.
Uma Estrada de Ferro que veio nos trazer glória, aproximando os povos do Brasil com os lá de fora. Eram os trens correndo na linha pra lá e pra cá. Cheio de borracha, castanha e toras de madeiras, arroz, feijão, farinha, banana, todos os tipos de frutas e legumes.
Tudo que é bom dura pouco, um ditado de tradição, assim diz o brasileiro, quando perde um bom irmão. Assim, nesta caminhada da vida e da história desses povos formadores de varias gerações, só nos resta louvar e agradecer os nossos antepassados, os nossos heróis que iniciaram a construção de nossa história, fontes vivas em cada um de nós. Foram tantos, mas, aqui, momento em que o Raízes Tradições comemora dois anos de produção, vale ressaltar alguns deles: João Nicoletti, Dom João Batista Costa, Padre Chiquinho, Vitor Hugo, Alfredo Silva, Ari Pinheiro, Jorge Reski, Aluízio Ferreira, Paulo Leal, Padre Mario Castagna, Jorge Teixeira e tantos outros que enumerá-los poderei fazer injustiça. Só tenho a certeza que nos dias atuais, somos continuidade de seus sonhos, cheio de esperança, sonhos e amor a este lugar, onde nasci, cresci, vivo as minhas realidades e paixões. Sim, devemos cuidar dessa terra como se fosse um rico jardim, plantando, regando e colhendo, tendo sempre a preocupação de produzir muito mais para a sustentação de vidas, honrada a coisas de nossa gente. O Programa Raízes e Tradições (www.radioriomadeirafm.com.br), rádio ouvinte, objetiva como ênfase maior, uma reflexão quanto à formação histórica de nosso Estado e de nossa população. Caminhando junto com o progresso somos a favor da parceria: tradição e modernidade, celeiro básico do engrandecimento de uma sociedade, seja no sentido social, cultural e econômico. Neste site (www.diamantenegroaluisio.blogspot.com.br) viajaremos no tempo e na historia, no saudosismo e na paixão por esta cidade, PORTO VELHO.

Autor: Professor Aluízio Guedes
Pesquisador da Historia e da Cultura regional



CONSTRUINDO NOSSA HISTÓRIA PORTO VELHO - RONDONIA